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Temos a obrigação de pensar hoje medidas de reparação verdadeiramente anti-racistas que vão ao encontro das necessidades das pessoas negras ou de cor, e não das instituições.
Compete-nos sermos juízes deste tão complexo e inquietante passado, que tantas vezes não compreendemos se não ignoramos?
A escravatura teve todas as cores. A visão maniqueísta da escravatura, assente na dicotomia negro-escravo e branco-proprietário, é profundamente redutora e parcial.
Mais cedo ou mais tarde, surgirá uma diretiva europeia e, pela crescente influência do Brasil (onde este debate tem outro fôlego), a própria CPLP algo terá a fazer.
As vítimas da escravatura nunca aceitaram a brutalidade que lhes era imposta. A opinião das vítimas é a primeira a ser procurada antes de se falar em “normalidade” ou “consenso”.
Seria algo de inapropriado e ridículo que fôssemos pedir ou exigir compensações a França pelas invasões do início do século XIX.
Por que razão é tabu discutir uma possível adesão à parceria dos BRICS+ como parceiro júnior do “país irmão” e abraçar a história imbricada das nossas ligações a África, à Ásia e à América Latina?
Há seis meses, Joshua Farinella aceitou um emprego de sonho numa fábrica de camarão na Índia. O que encontrou era outra coisa.
Porque não será possível conviver, na mesma escola, com todos os manuais possíveis, ficando às famílias a faculdade ou o dever de escolher?
Ao introduzir o tema desta forma, Marcelo acabou por matar o debate sério que ele merecia.
“Não há uma única moda nascida nos Estados Unidos que não acabe por inundar a Europa Ocidental uns anos mais tarde”, dizia um personagem de As Partículas Elementares, de Michel Houellebecq.
Vice-presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra diz que repercussões da escravidão se sentem até hoje no Brasil: “Chegará a hora em que Portugal terá que partir para esse acerto de contas.”
Para a investigadora e crítica cultural Kitty Furtado e para o historiador Francisco Bethencourt, a declaração do Presidente sobre as reparações aos países que Portugal colonizou só peca por tardia.
Organizações brasileiras manifestaram na ONU o repúdio pela “ausência absoluta de posicionamento” de Portugal em relação ao passado esclavagista e à falta “de reparação à população negra brasileira”.
Alemanha foi o único país a criar um fundo para reparar as comunidades que dizimou. França pediu desculpa e devolveu obras de arte. Reino Unido, maior colonizador europeu, tem-se mantido na sombra.
Vítima contou que sofreu maus tratos, ameaças, e que sempre trabalhou sem receber um tostão. PJ investiga “indícios fortes dos crimes de tráfico de pessoas, escravidão e falsificação de documentos”.
A esquerda woke não anima os descamisados do mundo rico, pelo que tem de animar a malta urbana abonada com necessidade de expiar pecados.
Marcelo não sabe o que quer. Infelizmente, também não sabe ficar calado.
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