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Arqueólogo
No final do dia, o que permanece e, a longo prazo, aquilo que garante a relevância de cada museu particular, e dos museus em geral, são as suas colecções.
Saímos da Expo-2025 de alma cheia, o que foi especialmente grato porque entrámos de pé em riste.
O combate ao populismo reaccionário tem de ser feito a partir da realidade e não contra ela. No caso dos museus, tal significa defender a manutenção e reforço das suas funções de guardiões de memórias
As coisas correram neste ínterim eleitoral melhor do que muitos antecipávamos. Os mais cínicos dirão que não houve tempo para desfazer; o certo é que as verdadeiras borrascas não chegaram a vir.
Tratar todos por igual ou, pior ainda, reduzir a etiqueta de “museu nacional” a uma mera questão administrativa constitui o grau zero da racionalidade.
A (re)abertura recente de vários núcleos museológicos de propriedade variada, todos para além da tutela nacional, deveria ser motivo de júbilo. Infelizmente não é o caso.
A questão do saque e tráfico de antiguidades para colecções privadas e para museus consiste no verdadeiro “elefante na sala” quando se fala de peças “de origem contestada” ou “duvidosa”.
Dificilmente a ministra da Cultura terá com ela quem dê para esse peditório de considerar que uma EPE não possui condições de exercer funções do Estado.
Vejo nos arroubos discursivos do momento uma mistura explosiva de falta de conhecimento, desinformação e bastante deselegância. A realidade não é aquela que a ministra da Cultura julga existir.
Intencional ou inadvertidamente, alguns activistas e académicos querem-nos fazer iludir o cerne da questão colonial contemporânea, ou seja, a de que vivemos um tempo neocolonial e não “pós-colonial”.
O princípio geral deveria ser sempre o de procurar a melhor maneira de promover a frequência de cada museu por todos os seus potenciais utilizadores.
A autorização de exportação para venda da Descida da Cruz de Domingos Sequeira tem de ser esclarecida pelo actual presidente do instituto público do Património Cultural, João Carlos dos Santos.
Dir-se-á que podemos encarar 2024 com optimismo em matéria de tutela do património cultural? De modo nenhum. Mantenho, é certo, o espírito positivo.
Tudo se resume naquilo que Torga já observara, ao dizer que “o universal é o local sem paredes”. Localismo e centralismo são precisamente as paredes que nos impedem de ver o quadro todo.
É totalmente inaceitável que um presidente de Câmara pense que pode retirar estátuas do espaço público sem ouvir ninguém, nomeadamente comissão municipal de arte pública ou património cultural.
A averiguação feita pelo Washington Post sobre uma pequena parte da colecção de mais de 30 mil restos humanos da Smithsonian recoloca este assunto na agenda.
A reforma agora anunciada constitui talvez a melhor perspectiva que se abre ao Património Cultural e aos Museus desde há muitas décadas. É uma revolução, em que é legítimo depositar esperanças. A ver.
A questão é a de saber que papel deverá ter a DGPC. Trata-se de pergunta tanto mais legítima quanto agora se diz que vai ser reorganizada, na sequência da extinção das Direcções Regionais de Cultura.
Chegámos a um ponto em que não importa a direcção a seguir e o objectivo final a alcançar, circunstância em que, como o lobo dizia a Alice, todos os caminhos servem.
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