Estreei-me, por puro acaso, como jornalista em 1977 no Jornal Novo. A redacção precisava de gente com espírito combativo suficiente para contrariar uma visão do mundo que ainda era dominada pela influência da esquerda comunista e “terceiro-mundista” e que prevalecia na imprensa portuguesa dos anos seguintes ao PREC. Estávamos em plena guerra fria. Já tinha escrito sobre política internacional nos jornais de extrema-esquerda – em Paris, antes do 25 de Abril; em Lisboa, depois. E lá fui cumprir a minha tarefa, um pouco desconfiada. Entrei como estagiária. Três meses depois, estava a editar a secção de Política Internacional. Aprendi imenso. Nunca mais deixei o jornalismo. Seguiram-se a RDP e o Expresso. Muitas campanhas eleitorais. Muita análise política. Até que o mundo me voltou a chamar. O PÚBLICO nasceu também para responder diariamente às mudanças tectónicas que aconteciam na Europa. Gorbatchov, a queda do Muro. A implosão da União Soviética. Tive a sorte de cobrir alguns desses acontecimentos – em Berlim ou em Moscovo. A História “acelerava” na Europa. A Europa passou a ser uma das minhas áreas fundamentais de especialização. Estudei Economia no velho ISCEF. Escrevi alguns livros. O primeiro, uma biografia de Mário Soares. O último, uma longa conversa com ele sobre a crise portuguesa. Outros, em co-autoria, sobre Portugal e a Europa. Tive a oportunidade de entrevistar alguns intelectuais e académicos europeus e americanos. Aprendi imenso com eles.