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Urge levantar os olhos dos ecrãs, sair para a rua, falar de viva voz, não recear tocar e ser tocado, não ter vergonha de sentir vergonha.
O mercado é um lugar milenar de troca, curiosidade e contaminação, conhecimento do estranho e de desejo.
Quando se fala de véus, chapéus e óculos escuros que enlevam um rosto o que se pode estar a garantir é a liberdade de atravessar e estar no espaço público reservadamente.
A marquise foi o fenómeno dos apartamentos dos anos 80. E as rotundas foram as marquises das ruas nos anos 90.
Diante de um planeta danificado e ferido, a aceitação incondicional deveria significar um acolhimento radical do mundo e dos seus problemas, ficar com os “nãos”.
Brincar é envolvermo-nos de corpo inteiro com as coisas do mundo, experimentar-lhes as possibilidades e torná-las expressão.
Enquanto o migrante enfrenta o desespero com uma esperança absoluta, nós apenas fazemos frente ao seu desespero sem estar à altura do nosso.
Tudo à mão, o perto e o distante, nada realmente longe. Um mundo global sem longe encerra-nos numa sociedade sem empatia.
“A cadeia tem de ser sentida”, dizia um representante sindical do sistema prisional português. Mas o que se quer fazer sentir?
Perdemos o hábito da paciência: as esperas tornam-se tremendamente insuportáveis, as vivências comprimem-se na impaciência perante o nada.
Somos bichos uns para os outros quando mimamos o resto selvagem que transborda qualquer domesticação.
Que imaginação de bem comum se pode esperar de tanta fragmentação, das vidas e dos convívios, dos lugares, até do tempo de que precisamos para os habitar?
O que se toma por tempo morto é, verdadeiramente, tempo vivo, que nos preenche. Como um tempo que faz raízes.
Não precisamos que as ervas daninhas deixem de se chamar assim, pelo contrário, precisamos é de chamá-las assim, para que vejamos como sublevam qualquer ordem. São daninhas porque têm essa potência.
Conhecemos e existimos pelos caminhos que percorremos como fios, cada lugar um enredo singular e o mundo uma colecção dessas singularizações que se vão fazendo.
Nas ciências, o caminho vai sendo o da citação industrial, produção sempre a somar.
No fluxo das consciências, as experiências vividas caem da presença como uma chuva oblíqua. Percepções, recordações, afectos aterram num chão interior.
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