Os leitores são a força e a vida dos jornais. Contamos com o seu apoio, assine.
Os leitores são a força e a vida do PÚBLICO. Obrigado pelo seu apoio.
As máquinas podem matar por nós, mas não podem morrer por nós.
Somos massa em permanente reacção ao passado que persiste presente, na forma de dívidas e espectros. E os meios digitais têm sido esplêndidos agregadores dessa massa subjetiva.
Se o pronome masculino fosse realmente neutro, também deveria poder dizer-se “as senhoras” ou “as colegas” no caso de estar presente uma mulher, mesmo que a única, numa sala repleta de homens.
Toda esta aversão à matéria, este equívoco que nos desliga da materialidade do mundo, é parte do mal-estar ecológico que vivemos.
As crianças conhecem bem a intemporalidade destes entrelugares. Correm com canas ao longo do areal como se tivessem regressado ao Paleolítico e sentem-se plenas quando adentram as dunas.
De passagem pelo mundo, com os olhos postos num reino de deus, num novo mundo ou num multiverso, não estamos inteiramente com as coisas, a vida e as pessoas, aqui e agora.
Devíamos envolver-nos com o que está em volta, o mundo em véu em vez de um céu a abater-se. Menos apocalipse, mais Calipso.
Chamamos-lhe liberdade de escolha, mas é apenas liberdade descarnada de destino.
E se aprendêssemos a caminhar cada vez mais devagar?
Talvez a boa alternativa não seja insistir na estreiteza de uma esfera pública de elites do discurso, mas cultivar a participação cívica dos gestos.
Da ética espera-se que tire a venda dos olhos para suportar o olhar do outro com quem se partilha o mundo.
A pior memória, a que não esquece, e o pior esquecimento, o que invisibiliza e abandona, são o mesmo.
Caminhemos como quem respira pensamento e a cada passo oferece ao mundo um corpo para respirar.
90% das línguas podem desaparecer ao longo deste século. É uma extinção em massa da própria massa que faz a humanidade.
É um ar do tempo, que quer tudo às escâncaras para verificação e julgamento público. Se um texto peca em falta de literalidade, é-lhe exigido logo o contexto.
Era preciso um movimento pelo nudismo digital e medial, avatares e perfis queimados como os soutiens de 68.
Ocorreu um erro aqui, ui ui