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Filósofo, professor da Universidade da Beira Interior
Duas obras da bióloga Lynn Margulis (1938-2011), Planeta Simbiótico: Um novo olhar sobre a evolução e Gaia e Filosofia, fazem reverberar a biologia na reflexão filosófica.
Brincar é envolvermo-nos de corpo inteiro com as coisas do mundo, experimentar-lhes as possibilidades e torná-las expressão.
Enquanto o migrante enfrenta o desespero com uma esperança absoluta, nós apenas fazemos frente ao seu desespero sem estar à altura do nosso.
Tudo à mão, o perto e o distante, nada realmente longe. Um mundo global sem longe encerra-nos numa sociedade sem empatia.
“A cadeia tem de ser sentida”, dizia um representante sindical do sistema prisional português. Mas o que se quer fazer sentir?
Perdemos o hábito da paciência: as esperas tornam-se tremendamente insuportáveis, as vivências comprimem-se na impaciência perante o nada.
Somos bichos uns para os outros quando mimamos o resto selvagem que transborda qualquer domesticação.
Que imaginação de bem comum se pode esperar de tanta fragmentação, das vidas e dos convívios, dos lugares, até do tempo de que precisamos para os habitar?
O que se toma por tempo morto é, verdadeiramente, tempo vivo, que nos preenche. Como um tempo que faz raízes.
Não precisamos que as ervas daninhas deixem de se chamar assim, pelo contrário, precisamos é de chamá-las assim, para que vejamos como sublevam qualquer ordem. São daninhas porque têm essa potência.
Conhecemos e existimos pelos caminhos que percorremos como fios, cada lugar um enredo singular e o mundo uma colecção dessas singularizações que se vão fazendo.
Nas ciências, o caminho vai sendo o da citação industrial, produção sempre a somar.
No fluxo das consciências, as experiências vividas caem da presença como uma chuva oblíqua. Percepções, recordações, afectos aterram num chão interior.
Dos SUV aos corpos masculinos, a condição maciça é uma solidão impositiva. Uma maneira de ser que não se permite nenhum estar além dos seus limites. O estar engolido pelo ser.
A mentira banalizou-se ao ponto de ser moralmente indiferente. O político populista pode mentir e fica a rir.
Há abraços amorosos, de pai e mãe, de companheiros, solidários, terapêuticos, em volta de árvores, até cósmicos. E há abraços que têm tudo isto ao mesmo tempo.
O que construímos na Terra pesa hoje mais do que todas as florestas juntas. Enquanto isso, a biomassa global declina, como uma lenta desaparição da vida.
John Newlands imaginou que os elementos químicos dispostos segundo a massa atómica repetiam periodicamente as mesmas propriedades como uma escala musical. Tudo ressoa em tudo.
Não devíamos imaginar-nos vontades em luta contra o mundo. Devíamos sim pôr as nossas vontades mais de acordo com as do mundo, a quererem da mesma maneira.
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