Os leitores são a força e a vida dos jornais. Contamos com o seu apoio, assine.
Os leitores são a força e a vida do PÚBLICO. Obrigado pelo seu apoio.
Tornou-se uma piada recorrente dizer que Cruise deseja secretamente morrer à frente das câmaras, mas a ideia, ao contrário dele, não sobrevive muito tempo.
Em teoria, vivemos nas democracias mais participativas da história. Na prática, a política vive-se como a meteorologia: algo de que nos queixamos, que adivinhamos mal, e que vamos aguentando.
The Stars My Destination é um romance influente, mas pouco imitado, pelas mesmas razões que Venus in Furs é uma canção pouco imitada: nem os próprios autores repetiram o truque, quanto mais os outros.
Os leitores modernos chegam à Epopeia de Gilgamesh à procura de um proto-Homero, ou da fonte de todos os mitos, e afinal encontram Kafka: um idiota perdido no deserto, a soluçar pelo namorado morto.
Nunca sentimos falta dos feeds. Quando alguém disse a palavra “notícias”, soou quase obscena e houve um murmúrio colectivo de repugnância. A electricidade, afinal, é a arquitectura da atenção.
A questão não é que a imprensa encaixe tudo nas categorias habituais, mas que a Igreja se tenha deixado tornar tão legível através delas — dois milénios de heresias enterradas como lixo radioactivo.
As tarifas de Donald Trump não são novas, mas uma das espécies mais antigas de magia. Ele limitou-se a restaurar a tarifa à sua forma original: incoerente, caótica, supersticiosa.
O que mais impressiona em todos os livros de Pynchon, sob a erudição, a paranóia, as canções e a comédia burlesca, é quão melancólicos são, e quanta ternura dedicam aos seus elencos marginais.
Ao rever The Doors agora, e pela razão específica que o fiz, deparei-me com uma dúvida inesperada: isto é um bom actor a representar bem o seu papel? Val Kilmer, aos meus olhos, é perfeito aqui.
Num determinado momento da minha vida, fui obrigado a reconhecer que não existe um filme sobre viagens no tempo, por mais estúpido que seja, que eu não consiga ver com agrado.
Mickey 17 pode ter encontrado uma das maneiras mais dispendiosas de sempre para ralhar com Trump, mas claramente acredita que a subtileza é um precioso recurso finito, que precisa de ser poupadinho.
O problema de escrever uma coluna de opinião é que não tenho qualquer interesse nas minhas opiniões. Elas existem — mas não são especiais. As vossas também não.
Qualquer produção teatral é uma luta contra limites arbitrários, mas é todo um outro nível fazer um ensaio geral quando os actores são incinerados por crianças aborrecidas no Arizona.
O jogo Benfica-Barcelona, que se disputa nesta quarta-feira, levou o cronista Rogério Casanova a imaginar uma série de perguntas pertinentes, ou talvez não. “Que pergunta tão estúpida.”
Nickel Boys não é sobre personagens fictícias, é sobre mim, a pessoa menos fictícia do mundo, e finalmente candidato aos Óscares. Já não era sem tempo!
Benfica e Sporting fizeram algo extraordinariamente bonito: recusaram converter um rival falecido numa peça de museu, negando-lhe a respeitabilidade inofensiva do estadista defunto.
Não me lembro de gostar de nada mais ou menos desde 2012, e o reduzido catálogo das coisas de que gosto foi quase totalmente formado entre os 16 e os 25 anos (a idade correcta para gostar de coisas).
Em maior ou menor grau, e com maior ou menor subtileza, o que a maioria dos documentários faz é contar uma história, ou propor um argumento, com uma agenda emocional análoga à fórmula tablóide.
Se o romance cómico tem uma função (e não é claro que tenha, ou precise de uma) será a de ajudar a diminuir a distância entre o acto de nos rirmos dos outros e rirmos de nós próprios.
Um espectador masoquista ainda vai a tempo de fazer o mesmo que eu — ver o filme duas vezes — sem ficar mais perto de responder a uma série de perguntas vexantes. Porque é que este Nosferatu existe?
Ocorreu um erro aqui, ui ui