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Mais do que o fascista dogmático que a esquerda imagina, Ventura é um oportunista pós-ideológico com uma raríssima intuição e faz da instrumentalização do ressentimento o seu único programa político.
Nunca tão poucos tiveram tanta capacidade de informar, desinformar e influenciar os eleitores.
Nestas presidenciais, evitar ter de escolher entre duas alternativas inaceitáveis pode bem vir a ser, para muito boa gente, o menos mau de todos os cenários.
A combinação de uma comunicação social fragilizada com uma justiça bloqueada e com partidos cada vez mais fechados e opacos não autoriza grandes otimismos.
A discussão acalorada, entrincheirada, politicamente manipulada sobre imigração que temos tido no espaço público tem demasiados ângulos mortos.
Não ganhamos nada se a luta política continuar a divergir para o território das perceções (como tantas vezes acontece à direita) ou para o das abstrações delirantes (como vinha sucedendo à esquerda).
O que me choca é a forma. E a forma conta muito. O que me choca é a opção, deliberada, do Governo em fazer esta discussão sobre a nacionalidade no campo e nos termos em que o Chega a faria.
O sinal de alheamento, se não é tão agudo e delirante como no Bloco, não deixa de inquietar. Ao contrário do que diz José Luís Carneiro, o PS não parece estar, ainda, de volta.
A comunicação social sempre foi para si, nada mais, mas também nada menos, do que um instrumento para colocar ao serviço da liberdade.
Não retiro, como calculam, nenhum prazer desta análise. Tudo isto me preocupa de sobremaneira. Mas a realidade é o que é.
É imprescindível que se perceba que o espectro da Spinumviva, que ameaça regressar uma e outra vez, não tem apenas custos para Luís Montenegro. Tem custos para todos nós.
O Chega consegue aquilo que alguns partidos com muito mais longevidade e, nalguns casos, com momentos de expressiva representatividade nunca conseguiram.
O poder local e as eleições autárquicas podem ajudar a reconstruir, a partir de baixo, a confiança nas instituições. Seria importante que resistíssemos à tentação da sua excessiva “nacionalização”.
Não são poucos os que parecem defender que o populismo só perderá fôlego entre nós se nos resignarmos a ser vacinados com a sua desastrosa passagem pelo poder.
Este caldo de pulsões iliberais e de supressão do dissenso não é exatamente o entorno mais propício para mudar de ideias, o tal “gesto” político imprescindível para tornar tangível a democracia.
Será que o nosso apego à democracia foi sempre, desde a primeira hora, mais instrumental do que substantivo?
É preciso ser muito míope para não perceber que está a crescer, na nossa sociedade, nas nossas cidades, um sentimento larvar contra o turismo, os turistas e os agentes que o promovem.
Deixo-vos, antes de férias, com uma lista de sugestões literárias saída do delicioso desarrumo mental em que a crónica do Miguel Esteves Cardoso me permitiu mergulhar.
A Europa capitulou nas negociações com os EUA porque é um projeto político adiado, incompleto, indefeso e crescentemente disfuncional.
O processo Marquês não é fruto do acaso. Nem é da exclusiva responsabilidade de meia dúzia de decisores com muito poder e poucos escrúpulos. É também um falhanço coletivo.
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