Os leitores são a força e a vida dos jornais. Contamos com o seu apoio, assine.
Os leitores são a força e a vida do PÚBLICO. Obrigado pelo seu apoio.
Não teve capacidade para soltar um som — uma pessoa habitua-se a não fazer, a não ser, com mais facilidade do que imaginaria.
Quando terminou a sessão, tinha vinte e três chamadas por atender da escola, outras tantas do pai do meu filho e várias mensagens Onde estás? Estou preocupado, atende.
Nattaya e Kanya têm a mesma idade, entre os seis e os sete anos. As meninas não são irmãs de sangue mas companheiras de rua, sabem ir à luta e retornam sempre a casa com as mãos a abanar de dores.
Estou certa de estar acordada. És tu. Abro a porta com o coração a trepar a garganta até à boca, és tu.
Não sabia o que me estava a acontecer, nunca tinha tido um primeiro encontro tão desestabilizador.
Quando o vi despido diante de mim, depois da derrota esmagadora causada por esta dama que vos escreve, um triunfo de nervos indescritível apoderou-se de mim.
Imediatamente senti o peso da culpa impressa pela educação que recebi. “Estou a beijar uma mulher. Não devia fazê-lo.” Graças ao vinho, apenas um sentimento de inquietação ligeiro e transitório.
Apaixonei-me pelo Ricardo porque comecei a vê-lo. Era um rapaz sincero, transparente, e a nossa sexualidade tornou-se aos poucos a coisa mais prazerosa que havia experienciado.
Ia tão insegura, a caminho de uma casa que desconhecia, para fazer algo que simultaneamente me seduzia e assustava.
O verdadeiro problema na relação surgiu com um amigo de Desdémona. Quando soube do casamento, não pôde controlar a raiva e o nojo, e logo começou a desenhar um plano para dar cabo da união.
O novo marido é irmão do marido que Gertrudes levou a enterrar. Soube desde o início do primeiro casamento que tinha casado com o irmão errado. Quem não lhe perdoa a paixão é o filho.
Talvez por ser mais experiente, entendia sem dificuldade as fraquezas do corpo, também ela as tivera. O corpo é apenas um copo que se enche ou esvazia consoante as necessidades.
Por vezes basta um ruído para nos salvar de um pensamento. Ou a vida. Um samovar que cai inexplicavelmente.
A nossa conversa teve a economia que a distância opera nas pessoas. Antes de me despedir, olhei por acaso para a mesa da entrada da casa. A minha fotografia numa moldura simples de madeira.
Não dava para ouvir bem. Uma voz sumida ao fundo que parecia a da minha mãe. “Estás a ouvir?” Não era possível.
Fingir que não se vê, ou continuar com a cantilena de que “entre marido e mulher ninguém mete a colher”, já não se aguenta.
Gostava mais de viver no mundo dos likes do que no mundo real. As pessoas pareciam mais limpas e organizadas. Pudesse ela viver naqueles frames adorados por milhares de visualizadores.
As flores eram flores e as únicas que me agradavam eram as azedas, que colhia nos arrabaldes da encosta junto à ponte 25 de Abril, e lhes mordia o caule e bebia o líquido que fazia jus ao nome.
Com a velocidade que só uma matemática e um atleta podem ter, perceberam que não se entendiam. Ele não gostava das contas que ela lhe pedia e ela não apreciava a velocidade que ele tinha em tudo.
Uma dor imensa apoderou-se de todo o seu corpo e, pela primeira vez, acreditou em Deus. Talvez fosse um clássico: o nascimento da fé no momento em que o coração se prepara para deixar de funcionar.
Ocorreu um erro aqui, ui ui